Você fica se debatendo na cama antes de dormir, tentando penetrar em coisas insondáveis, em mistérios da natureza, em problemas profundos e fica com insônia por esses problemas. Mas se eles forem todos uma ilusão gramatical, um mero jogo de palavras em que você se perde tentando achar a denotação de cada coisa, que você passa exaustivamente todos os dias remoendo para poder finalmente apontar para a resposta (o que é isso?!) você é liberado de consciência limpa para suas necessidades. Sendo o significado de uma palavra o uso que se faz dela na linguagem, você para de se debater com a ilusão de apontar para o bem, para o mal, para Deus; afinal são apenas jogos de linguagem que você ingenuamente se confunde e tenta apontar para algo. Depois que você se tranquilizou, afinal você está aí sozinho, fim.
Mas você não se tranquiliza totalmente, afinal não há como ter certeza que é isso, e aí você volta a percorrer os mistérios, procurar o que é, qual o problema nesta concepção de mundo, e eis que você se encontra na situação anterior. Se bem que ela nem era tão ruim assim...
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