segunda-feira, 7 de maio de 2012

Predicações, pensamentos.

Feliz, desanimado, animado, triste, vazio, preenchido, razo, profundo... Sentimos coisas e tentamos impor qualidades no mundo que se adequem ao nosso humor e interpretação de mundo. Sentimos certa satisfação ao pronunciar a alegria ou a tristeza do mundo, inconscientes de que nunca poderíamos de fato sabe-lo. O mundo parece intocável por qualquer linguagem e nos iludimos com a aparência de alguma ligação. Teríamos alguma forma de perceber as causas do mundo sem usar nosso raciocínio? E se possuíssemos tal capacidade, seria sequer possível ter consciência dela? Onde a língua e o mundo se encontram?

2 comentários:

  1. Hey man, então, vou comentar, mas por favor, não veja isso como um confronto...gosto de ler teus pensamentos e ter a oportunidade de divergir e aprender com filósofo's frienship! xD...

    Creio que a filosofia da linguagem (mesmo contribuindo àquilo que já cria) acabou "subindo a escada da abstração" e se perdendo no andar da especulação. Não apenas por ser cristão, mas também por estudar a língua há tanto na faculdade, penso que ela é, de fato, capaz de refletir a realidade, traduzir consciência e promover real interação nos apontando para conhecimentos verdadeiros sobre as coisas em si e até à Verdade religiosa.

    Pelo que tenho lido, vejo que muitas barreiras que a língua cria que nos impossibilitam de realmente conhecer as coisas em si são conceitos a priori, às vezes até circulares: por não achar a língua capaz de condizer com a realidade, concluo que ela não reflete a realidade. Sei que isso é simplista e, por isso, não faz justiça ao todo e gigantesco campo da F. da L., mas é a impressão que tenho ao ler Foucault e uns outros aí...

    Creio que quando você diz "O mundo parece intocável por qualquer linguagem" já estás tocando a realidade com tuas palavras. Mas uma realidade socrática, no sentido de que "entende que pouco entende".
    Contudo, ao se dizer que o mundo é intocável pela linguagem, entende-se que o que é dito é uma verdade que condiz à realidade da intangibilidade do mundo pela linguagem. Logo, se isso for verdade, condiz com a realidade. Se não for, há a possibilidade de o enunciado ser falso e o contrário da ideia ser verdade, isto é, que a linguagem toca a realidade. Isso tudo parece apenas semântica e silogismo, mas novamente, mesmo se for, serve o argumento.

    Achei a tua última pergunta muito interessante: "Onde a língua e o mundo se encontram?", diria que, se realmente tudo é acaso, então a língua, por ser produto acidental, possivelmente é ilusória e nossa percepção depende dela, assim nunca temos acesso às coisas em si nem aos seus significados. Mas se o mundo é produto de consciência e inteligência, então segue que a língua é um Ctrl+c, Ctrl+v d'Ele.

    Como cristão, vejo a linguagem e a língua (coisas bem diferentes, aliás) como parte daquilo que reflete, no homem, a marca de Deus. Por ser cristão, ao ver o mundo sendo "chamado" à existência, e que pela Palavra/Verbo/Logos, apontado como Cristo Jesus (Sabedoria Divina), todas as coisas foram criadas (Nele, por Ele e para Ele), entendo a consciência, a linguagem e a língua como marcas do sopro do Espírito. E por refletir tamanha graça também ser o motivo de tamanha desgraça.

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  2. Eu entendo o teu ponto de vista por ser inspirado na Bíblia mas ainda assim eu pergunto onde lingua e mundo se encontram, onde se tocam. Pronuncio 'olhe a cadeira' e você prontamente me entende, e se estivermos de pé conversando pessoalmente e houver uma cadeira no nosso campo de visão você irá olhar para ela. Eu sei que parece óbvio que esta é a ligação, mas eu chamaria a atenção justamente para este fato. Eu pronunciei simples palavras, você entendeu o significado e além disto tomou uma atitude que julgamos que correspondeu ao conteúdo contido na proposição/ordem 'olhe para a cadeira'. Pra mim o que se chama de ligação de linguagem e mundo é a tentativa de explicação de um mistério, onde achamos que está tudo certo ao se pronunciar certas palavras e a pessoa com quem falamos entender o que falamos e até tomar atitudes que julgamos correspondentes com o que foi dito.

    Você pode me objetar como fez mostrando a contradição de meu argumento, mas pelo que vejo não cabe tal objeção, porque se primeiramente eu digo que o que chamamos pela palavra 'mundo' é algo que ludibria, porque parti do ponto em que precisei usar a palavra 'mundo' invocando o significado desta palavra para dizer justamente que não há tal coisa que de tocarmos (via linguagem) isto que a palavra 'mundo' deseja falar/tocar. Não sei se pude me fazer claro ainda quanto ao meu ponto, eu mesmo estou me achando confuso hoje.

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